Desenho da década de 50 do séc. XX

Desenho da década de 50 do séc. XX
Desenho do saudoso Professor Reis Novais

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Advento

Iniciámos ontem o novo ano litúrgico com o 1º Domingo do Advento. Advento que quer dizer preparação é um tempo especial para no interior de cada um de nós, mais do que nas luzes ou nas árvores de Natal, preparemos a chegado do Menino Deus. É sempre um tempo de esperança, um tempo de amor entre todos, um tempo de solidariedade para com os mais necessitados.
Este ano, como Ano da Fé, estabelecido por S.S. Bento XVI mais importante se torna a preparação, individual e comunitária.
Conhecer os documentos produzidos no Concílio Vaticano II é um bom ponto de partida para reconhecermos e reforçarmos a nossa Fé. Uma fé sentida mas, também, uma Fé esclarecida. As publicações sobre o assunto ajudar-nos-ão a viver melhor esta Quadra. 
Sabemos que vai ser uma quadra de crise económica, esperemos que não seja de crise de Fé.
Um Santo e Feliz Natal para todos os Meimoenses.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

S. Domingos

É  já amanhã, dia dez, que terá início a Festa em honra de S. Domingos. Festa que continuará pelos dias 11 e 12.
Como já vem sendo hábito, será dividida em duas partes distintas: uma mais popular e outra mais religiosa.
A parte religiosa que é a que importa para esta página inicia-se no dia 11 de Agosto pelas 21 horas com procissão das velas seguida da Eucaristia. Já no domingo pelas 11H30 terá início a Eucaristia seguida de procissão até ao S. Domingos.
Que tudo corra bem são os nossos votos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

"O Estado da Igreja Católica"

Por se concordar, no essencial, com a devida vénia, aqui se reproduz na íntegra:

O ESTADO DA IGREJA

Frei Bento Domingues, O.P.



1. Este título é excessivamente pretensioso para um assunto tão vasto num espaço tão reduzido. Foi-me sugerido por uns amigos sobre um texto magnífico do blogue do padre António Teixeira, que transpõe o nome do debate, "Estado da Nação", para outro cenário e outro objectivo: "Por que razão não poderia a Igreja ter oportunidade de se congregar em torno do Pastor Diocesano, à volta de cada Pároco, para a partilha de ideias, de sonhos, preocupações, desafios, a ponto de todos e cada um dos cristãos se saberem e sentirem responsáveis e cúmplices, protagonistas e conscientes da missão comum de edificar a Igreja e construir o Reino de Deus - afinal a tarefa que o Mestre confiou aos Seus discípulos de todos os tempos (...). Nada teria a perder - bem pelo contrário - se usufruísse de tempos e espaços de maior diálogo, de alargada troca de experiências, dificuldades, êxitos e projectos. Para isso, importa distinguir categoricamente realidade da "unidade", daquela outra, sempre pejorativa, de "conformismo".


Tanto no plano político como no religioso, é difícil a analise do presente fugidio, sem cair no estilo de jornalista ou de oráculo. Por outro lado, gastar o tempo todo a fazer autópsias do passado e a prometer ressurreições gloriosas para o futuro é, por vezes, uma fuga para não ver e questionar o que está diante dos olhos.



2. A Igreja Católica é um mundo com modos de presença muito diversificados nas sociedades dos cinco continentes e na grande variedade cultural e social das comunidades de cada país.



        O centro do seu crescimento já não se encontra na Europa, embora o papa seja o Bispo de Roma e o chefe político de um pequeno Estado, o Vaticano, com um território de 40 hectares. Para uns, esta realidade é um instrumento precioso de independência da Igreja; para outros, embora sem o peso dos anteriores Estados Pontifícios - que duraram desde 756 até 1870 - acaba por situá-lo nos jogos da política internacional.



Como Estado, é um sistema fechado, com grande dificuldade de auto-reforma. O que é transmitido pelos meios de comunicação acerca do que nele acontece - na banca, no tráfico de influências e no funcionamento da Cúria - afecta, a nível local e global, a imagem pública da Igreja e a credibilidade da sua transcendência divina.



Os bispos do mundo inteiro são reformados aos 75 anos. O bispo de Roma, que além de chefe de Estado é o papa, o dirigente de toda a Igreja, em regime de parca colegialidade, não tem limite de idade para as suas funções. Valeria a pena meditar e conversar sobre essa estranha situação.



Os bispos surgem à frente das dioceses, sem que os diocesanos tenham uma palavra a dizer. Os párocos são nomeados sem que os paroquianos possam interferir no processo da sua designação. O que a todos diz respeito deve ser tratado por todos, da forma mais responsabilizante. Quanto às modalidades e dificuldades nessa participação, nunca será um assunto resolvido de forma definitiva, mas também não pode continuar adiado.



Sem o enfrentamento de algumas questões básicas, que se arrastam há demasiados anos, os programas da nova evangelização, das reformas da catequese, da pastoral da juventude e da família, do incitamento à participação nas celebrações dos sacramentos e especialmente da Eucaristia, são esforços louváveis para o relançamento espiritual, mas servem sobretudo para esconder e tentar esquecer problemas urgentes. Muitos católicos resolvem-nos abandonando a prática religiosa ou até a própria Igreja.



        Dito de forma mais explícita: sem o aprofundamento da ética social e sexual, sem a possibilidade de chamar mulheres e homens casados para os ministérios ordenados, sem a possibilidade de celebrar o casamento de divorciados recasados e de os incitar à participação plena na vida das comunidades cristãs, as instituições da Igreja perdem o presente e o futuro, enquanto sacramento, sinal e instrumento, da cura do mundo, isto é, o rosto visível da graça, da bondade e da misericórdia de Deus. Este caminho não tem nada a ver com "facilitismo pastoral", cobertura da irresponsabilidade ou do vale tudo, pois sem conversão permanente não há Igreja que valha a pena.



       3. Para responder à pergunta sobre o "Estado da Igreja" no mundo actual temos de sair da sacristia e olhar para o que está a acontecer. Como observa Jean-Claude Guillebaud (Cf. La Vie - Le Monde 2012), desde o começo dos anos 80, vivemos quatro revoluções ao mesmo tempo: uma revolução económica, com a mundialização; uma revolução numérica e cibernética que deu à luz um quase-planeta, um sexto continente; uma revolução genética, que transforma os fundamentos da humanidade, as nossas relações com a vida, com a procriação e com a genealogia; uma revolução ecológica, com a tomada de consciência de que não nos podemos desenvolver como se fazia, desde há milénios. Por estas quatro razões, vivemos uma mudança, talvez tão importante como a revolução neolítica, há 12 mil anos (...), na qual o ser humano passou "de parasita a sócio activo da natureza", por vezes, também a seu agressor.



Perante estas esperançosas e assustadoras revoluções, o estado da Igreja terá de ser o de escuta e intervenção, para oferecer a todas as pessoas de boa vontade a sua gramática da transcendência da vida humana.



in Público