Desenho da década de 50 do séc. XX

Desenho da década de 50 do séc. XX
Desenho do saudoso Professor Reis Novais

sábado, 6 de março de 2021

PARÁBOLA!

 

PARÁBOLA!

Mesmo aqueles que não são cristãos, não terão deixado de ouvir a parábola do filho pródigo. Na Igreja Católica celebra-se hoje o dia evocativo deste acontecimento, relatado por Lucas 15,1-3.11-32.

A história fala-nos, entre outras coisas, de arrependimento, de misericórdia, mas também de ressentimento.

Na minha modesta opinião, todos nós temos um pouco das três personagens, todas elas fascinantes, desta parábola.

Quem, como pai, não sente dor quando um filho sai fora dos trilhos e não se enche de compaixão, quando esse filho regressa ao lar e à concórdia do mesmo?

Quem não foi, ou não é, um filho estouvado, aventureiro e até desobediente, mas que, perante as agruras da vida, perante as cabeçadas dadas por decisões impensadas, não se arrepende e volta para casa e pede perdão ao pai por não ter ouvido os seus avisados conselhos?

Quem não foi, ou não é, um filho cumpridor das regras e que se sente injustiçado ao ver a festa que o pai faz para receber o filho perdido no mundo e a ele nunca deu um sinal de apreço, consideração e retribuição por essa exemplaridade? Todos nós, enquanto filhos e enquanto pais, nos temos esquecido de ouvir e de dizer, muitas vezes, eu amo-te, meu pai, meu filho, minha esposa?

A vida tem de tudo e, apesar de eu conhecer bem a máxima, muito aceite na educação, “a escola dá sempre uma segunda oportunidade, mas a vida não” considero que a vida também dá segunda oportunidade a quem se arrepender de erros cometidos. E que as pessoas mesmo tendo escolhido caminhos menos lineares podem arrepiar para caminhos mais rectos.

E daqui vem a reflexão que faço para mim próprio. Quão importante é o verdadeiro arrependimento? O assumir dos erros e procurar, com a aprendizagem conseguida, não os repetir? Quão transcendente é a compaixão, a misericórdia, o perdão? Que paz de espírito, que grandiosidade há nesta atitude de perdoar o erro alheio? Quão negativo é o ressentimento e como ele pode ser transformador com umas pitadas de generosidade e de compreensão?

Eu, filho pródigo me confesso e preciso da compaixão, do perdão de todos e, principalmente, da infinita misericórdia do Deus em que eu acredito e a quem digo: Pai pequei contra o Céu e contra ti, não sou digno ser teu filho, mas, por favor, perdoa-me porque eu te amo.

6/03/2021

Zé Rainho