PARÁBOLA!
Mesmo aqueles que não são
cristãos, não terão deixado de ouvir a parábola do filho pródigo. Na Igreja
Católica celebra-se hoje o dia evocativo deste acontecimento, relatado por Lucas 15,1-3.11-32.
A história fala-nos, entre outras
coisas, de arrependimento, de misericórdia, mas também de ressentimento.
Na minha modesta opinião, todos
nós temos um pouco das três personagens, todas elas fascinantes, desta
parábola.
Quem, como pai, não sente dor
quando um filho sai fora dos trilhos e não se enche de compaixão, quando esse
filho regressa ao lar e à concórdia do mesmo?
Quem não foi, ou não é, um filho
estouvado, aventureiro e até desobediente, mas que, perante as agruras da vida,
perante as cabeçadas dadas por decisões impensadas, não se arrepende e volta
para casa e pede perdão ao pai por não ter ouvido os seus avisados conselhos?
Quem não foi, ou não é, um filho
cumpridor das regras e que se sente injustiçado ao ver a festa que o pai faz
para receber o filho perdido no mundo e a ele nunca deu um sinal de apreço,
consideração e retribuição por essa exemplaridade? Todos nós, enquanto filhos e
enquanto pais, nos temos esquecido de ouvir e de dizer, muitas vezes, eu amo-te,
meu pai, meu filho, minha esposa?
A vida tem de tudo e, apesar de
eu conhecer bem a máxima, muito aceite na educação, “a escola dá sempre uma
segunda oportunidade, mas a vida não” considero que a vida também dá segunda
oportunidade a quem se arrepender de erros cometidos. E que as pessoas mesmo
tendo escolhido caminhos menos lineares podem arrepiar para caminhos mais
rectos.
E daqui vem a reflexão que faço
para mim próprio. Quão importante é o verdadeiro arrependimento? O assumir dos
erros e procurar, com a aprendizagem conseguida, não os repetir? Quão
transcendente é a compaixão, a misericórdia, o perdão? Que paz de espírito, que
grandiosidade há nesta atitude de perdoar o erro alheio? Quão negativo é o
ressentimento e como ele pode ser transformador com umas pitadas de
generosidade e de compreensão?
Eu, filho pródigo me confesso e
preciso da compaixão, do perdão de todos e, principalmente, da infinita
misericórdia do Deus em que eu acredito e a quem digo: Pai pequei contra o Céu
e contra ti, não sou digno ser teu filho, mas, por favor, perdoa-me porque eu
te amo.
6/03/2021
Zé Rainho